quarta-feira, 10 de junho de 2020

Métricas orientadas a função - Pontos de Função (PF) ou FP (Function Points) - parte 3

[3] Passo 3: neste passo, utiliza-se uma expressão empírica proposta pelo modelo para obtenção dos pontos de função:

Apenas para ilustrar, vamos apresentar a tabela completamente preenchida, para um determinado projeto de software, o que seria feito no passo 1.

Supondo que no passo 2 foi realizado o cálculo que resultou em

o valor que indica que o produto é moderadamente complexo.

No passo 3 calculamos o PF.

PF = 50 x [0.65+ (0.01 x 46)] = 55.5 => 56

terça-feira, 9 de junho de 2020

Métricas orientadas a função - Pontos de Função (PF) ou FP (Function Points) - parte 2

[2] Passo 2: para o cálculo dos pontos de função, você terá que avaliar as 14 questões apresentadas no quadro 1, também relacionadas às funcionalidades do software a ser desenvolvido. Para cada uma dessas perguntas, você terá que atribuir um fator de ajuste de valor ou Value Adjustment Factor – VAF, Fi (i = 1 a 14), obedecendo à escala proposta pelo modelo apresentado no quadro 2.

Quadro 1 – 14 perguntas relacionadas às funcionalidades
1. O sistema exige backup e recuperação confiáveis 8. Os arquivos são atualizados on-line?
2. É requerida comunicação de dados? 9. Entradas, saídas, arquivos e consultas são complexos?
3. Existem funções de processamento distribuído? 10. O processamento interno é complexo?
4. O desempenho é crítico? 11. O código é projetado para ser reusável?
5. O sistema funcionará num sistema operacional existente e intensamente utilizado? 12. A conversão e a instalação estão incluídas no projeto?
6. São requeridas entrada de dados on-line? 13. O sistema é projetado para múltiplas instalações em diferentes organizações?
7. As entradas on-line requerem que as transações de entrada sejam construídas com várias telas e operações? 14. A aplicação é projetada de forma a facilitar mudanças e o uso pelo usuário?
Fonte: baseado em Pressman; Maxim (2016, p. 661).

Quadro 2 – Escala de VAFs – Value Adjustment Factors
Fonte: baseado em Pressman; Maxim (2016, p. 661).

Para evitar o problema da subjetividade ao avaliar a influência de cada funcionalidade, o IFPUG desenvolveu recomendações a serem seguidas.

No final desse segundo passo, você terá a soma das influências de cada uma das 14 perguntas. O valor dessa soma variará de um mínimo de 0 (todas as 14 perguntas tendo valor 0) a um valor máximo de 70 (todas as perguntas tendo valor igual a 5).

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Métricas orientadas a função - Pontos de Função (PF) ou FP (Function Points)

A métrica Ponto de Função (PF) ou Function Point (FP) pode ser utilizada como forma de medir a funcionalidade fornecida por um sistema. Pressman e Maxim (2016, p. 659) indicam que podem ser usadas para:

  • estimar o custo ou trabalho necessário para projetar, codificar e testar o software;
  • prever o número de erros que serão encontrados durantes os testes; e
  • prever o número de componentes e/ou o número de linhas de código-fonte projetadas.

Os PFs são derivados de medidas calculáveis do domínio de informações do software com base em:

  1. ExternalInputs-EIs (número de entradas externas): cada entrada externa tem origem em um usuário ou é transmitida de outra aplicação. Fornece dados distintos orientados à aplicação ou informações de controle.
  2. External Outputs-EOs (número de saídas externas): cada saída externa é formada por dados derivados da aplicação e fornece informações para o usuário.
  3. ExternalinQuiries-EQs (número de consultas externas): refere-se a uma entrada online que resulta na geração de alguma resposta imediata do software na forma de uma saída online.
  4. InternalLogical Files-ILFs (número de arquivos lógicos internos): cada arquivo lógico interno é um conjunto de dados que fica dentro dos limites da aplicação e é mantido por meio de entradas externas.
  5. External Interface Files-EIFs (número de arquivos de interface externos): cada arquivo de interface externo é um conjunto de dados que fica fora da aplicação, mas fornece dados que podem ser usados pela aplicação.

Para o cálculo de Pontos de Função, os passos descritos a seguir devem ser seguidos.

[1] Primeiro passo: preencher as colunas sombreadas da tabela. Note que nessa tabela você deve preencher apenas os dados da coluna Contagem e fazer o cálculo da coluna Contagem x Fator de Peso e totalizar a Contagem Total. As colunas Valor do domínio da informação e Fator de Pesos já estão preenchidas, pois são valores são propostos pelo modelo e, a princípio, são fixos. Então, nesse passo, você terá que estimar a quantidade de cada parâmetro previsto para o software a ser desenvolvido e atribuir um fator de peso para cada um deles.

Uma grande questão que surge é como minimizar a subjetividade na atribuição desses fatores de ponderação, porque isso pode variar de pessoa para pessoa. O IFPUG – International Function Points Users Group – disponibiliza uma série de recomendações visando minimizar essa subjetividade.

Uma vez preenchida a tabela, você terá o valor de Contagem Total, o qual será utilizado no terceiro passo do cálculo.

Tabela para Pontos de Função
Valor do domínio da informação Contagem Fator de Peso Contagem x Fator de Peso
Simples Médio Complexo
Nº de Entradas Externas (EIs)   3 4 6  
Nº de Saídas Externas (EOs)   4 5 7  
Nº de Consultas Externas (EQs)   3 4 6  
Nº de ArqLóg Internos (ILFs)   7 10 15  
Nº de ArqInterf Externos (EIFs)   5 7 10  
Contagem Total  
Fonte: baseada em Pressman; Maxim (2016, p. 660).

domingo, 7 de junho de 2020

Métricas de Qualidade e Métricas para o Modelo de Requisitos

O desenvolvimento de um projeto inicia-se com a criação do modelo de requisitos e é nesta fase que os requisitos são formulados e a base do projeto é estabelecida. Desta forma, as métricas de produto que fornecem informação sobre a qualidade do modelo de análise são bastante desejáveis.

Software Metric
 
Fonte: Profit_Image/Shutterstock

A qualidade de um sistema, aplicação ou produto é tão melhor quanto melhor estejam descritos os requisitos que o descrevem, o projeto que modela sua solução, o código que o implementa e os testes que o exercitam para descobrir defeitos e erros.

Desta forma, métricas como erros por ponto de função, erros descobertos por horas de revisão, erros descobertos por horas de teste e eficiência na remoção de defeitos proporcionam informações relevantes que ajudam no controle de qualidade do software.

sábado, 6 de junho de 2020

Considerações sobre Métricas

Há um grande número de métricas de software, que normalmente são aplicadas de forma isolada e consideradas insatisfatórias por grande parte dos desenvolvedores.

No passado, várias métricas e uma série de processos foram propostos, mas a maioria não possuía uma base teórica suficiente e/ou uma significativa validação experimental. Várias delas foram definidas e, em seguida, testadas e utilizadas em apenas um ambiente limitado. Apesar de, em alguns casos, existirem relatos de validação ou de aplicação dessas métricas, testes ou uso em ambientes diferentes produziram resultados não esperados. Essas diferenças acabam por não serem surpreendentes, uma vez que faltam definições claras e hipóteses de testes bem definidas.

Assim, existe um grande número de métricas que podem ser utilizadas, mas devemos observar quais delas têm sido mais amplamente utilizadas ou aceitas, pois certamente apresentam resultados mais efetivos.

Se o desenvolvedor construir uma aplicação apoiada por métricas escolhidas de forma criteriosa, elas poderão produzir resultados úteis se forem utilizadas de acordo com o ambiente especificado.

Independentemente das métricas adotadas. é muito importante para as organizações a coleta efetiva dessas métricas e o registro histórico dos projetos, formando uma base de conhecimento que auxilie nos processos de análise, melhoria e tomada de decisão.

Muitos fatores devem ser levados em consideração para a escolha das métricas. Recomendamos que você identifique qual a necessidade de medição do projeto (qualidade, produtividade, erros, falhas etc.) para, em seguida, adotar mecanismos que permitam uma medição mais significativa e efetiva.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Métricas de Processo e Projeto

De acordo com Pressman e Maxim (2016, p. 703), métricas de processo e de projeto de software são medidas quantitativas que permitem aos engenheiros de software vislumbrar a eficácia tanto do processo quanto dos projetos que são conduzidos usando este processo como framework. As medições permitem que julgamentos deixem de ser subjetivos e tendências possam ser detectadas de forma que estimativas possam ser feitas e aperfeiçoamentos buscados.

Métricas: busca pelo aperfeiçoamento
 
Fonte: G7 Stock/Shutterstock

As métricas de processo têm finalidade estratégica e objetivam fornecer um conjunto de indicadores de processo visando o seu aperfeiçoamento no longo prazo. As métricas de projeto têm finalidade tática e permitem ao gerente de projeto avaliar o estado de um projeto em desenvolvimento, acompanhar riscos em potencial, descobrir setores que apresentam problemas antes que se tornem críticos, ajustar o fluxo de trabalho e ainda avaliar a capacidade da equipe para controlar a qualidade do produto e dos artefatos de software.

As medidas que são coletadas com base em dados de qualidade e produtividade são convertidas em métricas e analisadas e comparadas com métricas anteriores. Essas métricas podem ser usadas durante o projeto para detectar problemas ocorridos no desenvolvimento e serem transmitidas para quem tem responsabilidade sobre o aperfeiçoamento do processo de software. Desta forma, muitas métricas são usadas tanto no domínio do processo quanto do projeto.

Ainda de acordo com Pressman e Maxim, o processo situa-se no centro de um triângulo (conforme ilustra a figura) que liga três fatores que influenciam significativamente tanto a qualidade de software quanto o desempenho da organização:

  • Pessoas: a capacidade e a motivação das pessoas reúnem os fatores individuais que mais influenciam a qualidade e o desempenho.
  • Produto: a complexidade do produto pode ter um forte impacto sobre a qualidade e o desempenho das pessoas que formam a equipe.
  • Tecnologia: os métodos e as ferramentas de engenharia de software são fundamentais, pois impactam o processo.

Além destes fatores, o triângulo do processo encontra-se dentro de um círculo que inclui o ambiente de desenvolvimento (exemplo: ferramentas CASE), condições de negócios (exemplo: prazos e regras de negócio) e características do cliente (exemplo: facilidade de comunicação).

Triângulo de fatores que impactam o processo

Fonte: Pressman; Maxim (2016, p. 705).

A eficácia de um processo pode ser medida pelas saídas dele derivadas como: medidas dos erros descobertos antes da entrega do produto, defeitos relatados pelos usuários finais, produtividade da equipe, esforço humano dispendido, tempo gasto, cumprimento do cronograma, entre outras. Desta forma, as métricas de processo podem fornecer benefícios significativos na medida em que a organização trabalha para corrigir e melhorar seus problemas, buscando maior maturidade de processo. Em um nível mais avançado, a organização pode adotar a abordagem SSPI – Statistical Software Process Improvement, que usa a análise de falhas de software para coletar informação sobre erros e defeitos encontrados no produto em operação.

As métricas de projeto são usadas por um gerente de projeto para adaptar o fluxo de trabalho e sua primeira aplicação ocorre, geralmente, durante a estimativa. Métricas usadas em projetos anteriores podem ser usadas como base. O gerente utiliza medidas de esforço e tempo dispendidos comparadas com as estimativas previstas no cronograma para monitorar e controlar o progresso do projeto.

Na medida em que o trabalho técnico prossegue, outras métricas de projeto são utilizadas, como taxa de produção, horas de revisão, pontos por função, linhas de código entregues etc. Além disso, os erros descobertos são registrados e outras métricas técnicas são utilizadas para avaliar a qualidade do projeto, o que irá influenciar a abordagem de testes.

As métricas de projeto são usadas tanto para minimizar o tempo do cronograma, buscando evitar atrasos e diminuir riscos, quanto para avaliar a qualidade do produto. Na medida em que a qualidade é melhorada, os defeitos são reduzidos e a quantidade de retrabalho também é minimizada, levando à redução do custo do projeto.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Classificação das Métricas de Software

Existem muitas classificações para métricas de software. Um software pode ser medido orientado ao tamanho, a funções, aos objetos, aos recursos humanos envolvidos, a qualidade e pela produtividade, entre outras medições.

Apresentamos algumas classificações de métricas a seguir, com base no trabalho de Meirelles (2008).

  • Classificação quanto ao objeto
    • Métricas de produto: são relacionadas à complexidade, tamanho, qualidade (confiabilidade, manutenibilidade etc.) do software produzido.
    • Métricas de processo: referem-se ao processo de concepção e desenvolvimento do software, medindo por exemplo, o processo de desenvolvimento, o tipo de metodologia usada e o tempo de desenvolvimento.
  • Classificação quanto ao critério utilizado na sua determinação
    • Métricas objetivas: são obtidas através de regras bem definidas, sendo a melhor forma de possibilitar comparações posteriores consistentes. Nessa categoria, os valores obtidos devem ser sempre os mesmos, independentemente do instante, condições ou indivíduos que os determinam. A determinação dessas métricas é passível de automatização (por exemplo, número de linhas de código).
    • Métricas subjetivas: podem partir de valores, mas dependem de um julgamento, que também é um dado de entrada, para serem levantadas (por exemplo, o modelo de estimativa de custo, que depende da classificação do tipo de software).
  • Classificação quanto ao método de obtenção
    • Métricas primitivas: são aquelas que podem ser observadas diretamente em uma única medida (por exemplo, o número de linhas de código, erros indicados em um teste de unidade ou ainda o total de tempo de desenvolvimento de um projeto).
    • Métricas compostas: são as combinações de uma ou mais medidas (por exemplo, o número de erros encontrados a cada mil linhas de código ou ainda o número de linhas de teste por linha de código).

Existem outras classificações, como métricas privadas e públicas.

As métricas privadas se aplicam ao indivíduo e as informações e resultados são de divulgação restrita. Os dados coletados com base individual devem ser privados e servir como indicadores apenas para o indivíduo. Servem para ajudar o engenheiro de software a aperfeiçoar seu trabalho individual. Algumas métricas são privadas de uma determinada equipe (por exemplo, proporção de defeitos por indivíduo).
As métricas públicas têm origem privada, mas acabam por serem divulgadas para toda a equipe. Elas permitem que as organizações realizem mudanças estratégicas para melhorar o processo de desenvolvimento do software.