sexta-feira, 7 de maio de 2021

Comparativo entre MPS.BR e CMMI

O modelo CMMI é proprietário, envolve um longo tempo e grande custo para a realização das avaliações do modelo para se obter a certificação. Essas dificuldades contrastam com a realidade das empresas brasileiras que não podem realizar um investimento tão alto para a obtenção da certificação. O alto custo da adaptação para obtenção da certificação e o longo prazo para alcançar os níveis mais altos de maturidade impossibilitavam as pequenas e médias empresas desenvolvedoras de software a aderirem ao programa do CMMI.

O MPS.BR surgiu como um movimento cujo objetivo era suprir a demanda das empresas nacionais, que precisavam encontrar uma forma de adaptar à sua realidade, rapidamente, modelos para melhoria de processos de software como o CMMI com níveis de maturidade 2 e 3, a um custo mais accessível.

Ambos os modelos possuem níveis de maturidade que definem a capacidade da empresa para trabalhar em projetos grandes e complexos. Como vimos, o CMMI varia do 1 ao 5 e o MPS.BR varia do G ao A, sendo que, ao contrário do CMMI, o primeiro nível do MPS.BR já exige que a empresa tenha determinados processos definidos. Os níveis do MPS.BR também são compostos por áreas de processos, que são os tópicos mais importantes para um processo de desenvolvimento de software. Assim, podemos criar uma equivalência dos níveis de maturidade do CMMI e do MPS.BR. Esta equivalência pode ser vista na Tabela e melhor visualizado no Gráfico.

Tabela – Equivalência entre os níveis de maturidade CMMI x MPS.BR
Comparação dos níveis de maturidade
CMMI MPS.BR
1 Não é definido
2 G
F
3 E
D
C
4 B
5 A
Fonte: Elaborado pelo autor.
Níveis de maturidade: comparativo MPS.BR e CMMI
Fonte: (FRANCISCANI; PESTILLI, 2012)

Analisando a Tabela acima, podemos verificar que os níveis de maturidade do MPS.BR permitem que a empresa implante processos de uma forma mais gradual. Essa estratégia, aplicada ao mercado brasileiro de software, permite que empresas de pequeno porte, que não possuem muito dinheiro para investir em metodologias e processos, possam tomar a iniciativa de definir processos.

O MPS.BR e o CMMI possuem níveis equivalentes de qualidade de software, mas a norma brasileira tem a vantagem ter menor custo.

Uma experiência interessante, já bastante comum entre as empresas brasileiras, é que algumas delas utilizam o modelo MPS.BR como forma de melhor se prepararem para alcançar um nível do modelo CMMI, já que há equivalência entre os níveis do CMMI e do MPS.BR. Além disso, o custo de um processo de implantação do MPS.BR é menor, e esse é um dos principais incentivos para algumas empresas fazerem isso. Uma empresa pode alcançar o nível A do MPS.BR e depois já tentar o nível 5 do CMMI.

No Brasil as principais empresas certificadoras destes modelos são a FUMSOFT para o MPS.BR e a ISD-Brasil para o CMMI.

De acordo com a Fumsoft (2013, s/p),

O Modelo de Melhoria de Processos do Software Brasileiro (MPS.BR) atesta a qualidade do processo de desenvolvimento nas empresas de software e serviços de TI. A Fumsoft é certificada pela Softex, coordenadora do modelo, como instituição implementadora do MPS.BR, promovendo a difusão das boas práticas valorizadas pelo mercado. Por que obter uma certificação? A qualificação de processos tem reflexos internos e externos para as empresas. Adotar práticas de engenharia de software alinhadas aos padrões internacionais de produção gera ganhos em produtividade, com a redução do tempo e do investimento nos projetos. Para o mercado, a certificação é um diferencial competitivo, visto pelos clientes como garantia de qualidade dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas.

Saiba mais

Processo de implementação

“Toda empresa que desenvolve software está apta a pleitear o MPS.BR. A empresa precisa dispor de pelo menos dez colaboradores, tendo assim condições de alocar pessoas para a definição e implementação dos processos. Existem dois tipos de modelos de implementação: o Cooperado, definido pela Softex, e o Específico, definido segundo as necessidades da empresa.

  • Modelo Cooperado: implementado conjuntamente em um grupo de empresas, que compartilham os custos de algumas atividades coletivas dentro de um cronograma comum com duração total de 15 meses, sendo 12 meses de implementação e três meses para a avaliação. O projeto inclui o cumprimento de marcos e alcances técnicos definidos pela Softex.
  • Modelo Específico: cronograma, marcos e alcances são definidos em função dos objetivos da empresa, que arca com todo o custo do projeto.

O processo de implementação da Fumsoft é realizado por meio das atividades de diagnóstico inicial, treinamento/capacitação, consultorias executivas, análise crítica e diagnóstico Pre-Assessment. A quantidade de consultorias depende do nível que a empresa pretende alcançar, variando de 60 a 100 horas, que são divididas em encontros de quatro horas.

Para iniciar a implementação, não é necessário qualquer tipo de treinamento. Durante o processo, são oferecidos cursos de capacitação para as empresas, já incluídos no plano. A obrigação da empresa consiste basicamente em designar um ou mais representantes com autonomia para delinear, acompanhar e participar das atividades de implementação, dando todo o suporte.”

Fonte: FUMSOFT. Modelo MPS.BR. 28 ago. 2013. Disponível em: <www.fumsoft.org.br>. Acesso em: 13 fev. 2017.

Curiosidade

De acordo com a ISD-Brasil (2010), “A ISD Brasil (Integrated System Diagnostics Brasil), subsidiária da empresa norte-americana Integrated System Diagnostics Incorporated - ISD Inc., tem como missão auxiliar as corporações na melhoria contínua de seus processos de negócios, baseando-se em modelos e normas reconhecidas internacionalmente, buscando sempre o compromisso com a excelência, os resultados reais e o alinhamento máximo dos objetivos estratégicos da organização aos seus processos atuais e desejados.

A ISD Brasil é a primeira consultoria internacional com atuação direta na América do Sul, focada exclusivamente em qualidade de processos baseada em modelos. O trabalho envolve, fundamentalmente, consultoria, treinamento, auditorias/avaliações/certificações, seleção de fornecedores, gestão de portfolio de projetos, quality assurance e e-learning.

Tornou-se a primeira no Brasil a contar com as credenciais do SEI-Software Engineering Institute para efetuar avaliações oficiais (aquilo que o mercado chama de ‘certificação’). Conta com os primeiros profissionais no mercado brasileiro autorizados a conduzir avaliações de processos com resultados reconhecidos internacionalmente – incluindo avaliadores para altos níveis de maturidade do CMMI, ou ‘high maturity lead appraisers’.

Atualmente, a ISD Brasil é a única empresa brasileira a contar em seus quadros com high maturity lead appraisers, ou HMLA, autorizados e credenciados pelo CMMI Institute. Esses profissionais são autorizados a liderar avaliações de nível 4 e 5 do CMMI, consideradas avaliações de alta maturidade.

Fonte: ISD Brasil. Empresa. 10 nov. 2010. Disponível em: <www.isdbrasil.com.br>. Acesso em: 13 fev. 2017.

A ISD Brasil fez a revisão técnica da tradução do CMMI (Capability Maturity Model Integration) para o português. É a única empresa no Brasil que participou da equipe de projeto do CMMI versão 1.3 (Appendix C do material de referência do modelo: CMMI Version 1.3 Project Participants).”

Atividade reflexiva

Analise o estudo de caso abaixo e reflita: como ficaria o mapeamento de processos da notação BPMN do caso abaixo?

“A empresa Alfa é um consórcio entre duas grandes empresas nacionais de construção civil e foi constituída para realizar o projeto de construção de duas Plataformas flutuantes de produção, armazenamento e transferência de petróleo (Floating Production Storage and Offloading - FPSO), cuja cliente é a Petrobras S/A. Pertencente a um grupo econômico que possui um estaleiro de construção e reparo de navios há cerca de 10 anos, Alfa é hoje uma das principais representantes do Polo Naval de Rio Grande, responsável pela construção, integração – processo que consiste na construção, operacionalização e instrumentação de equipamentos – e entrega de seis FPSO’s até 2020 (SINAVAL, 2015).

A unidade de recursos humanos da empresa é responsável pelos processos de Recrutamento e seleção; Admissão; Demissão; Ponto; Benefícios; Folha de pagamento; Encargos trabalhistas; Acesso ao canteiro por visitantes, funcionários e subcontratados; Relatórios de acompanhamento de escopo de obra aos outros setores da empresa; e Relações sindicais e legais. O interesse pelo mapeamento de processos deu-se em razão do escopo futuro da obra, que neste momento, possui aproximadamente 400 funcionários, divididos em quatro locais, sendo estes: Rio Grande (200); Rio de Janeiro (120); Dalian - China (60) e Chon Buri - Tailândia (20). Contudo, segundo a programação do setor de planejamento da empresa, até o mês de dezembro de 2016 o efetivo operacional da cidade de Rio Grande tem previsão de aumento de 2500 funcionários.”

Fonte: SILVEIRA, Leonardo da Silva et al. Proposta de Mapeamento de Processos usando a BPMN: Estudo de Caso em uma Indústria da Construção Naval. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE DESEMPENHO PORTUÁRIO, 3., Florianópolis, 2016. p. 14 Anais eletrônicos... www.cidesport.com.br). Florianópolis: Unisul/UFSC, 2016.

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